domingo, 31 de agosto de 2008

Vaso Sanitário e Cama(sono)

Primeiro a legenda colorida, dificuldade essa de deitar de óculos, os dois beijinhos de óculos também, uma haste na outra, bate e dói, logo após ir ao banheiro. Eu me apaixono pela menina que escreve mais lindo do mundo, passo por cima do resto e me jogo de cabeça, me apaixono. Diarreia, e fico só nessa palavra, sim, me recrimino nas minhas intenções descritivas, me recrimino ao mesmo tempo que dói e não para. Uma vez a menina que escrevia mais lindo do mundo tripudiou das minhas escatologias, sinto até hoje, dolorindo a barriga e o corpo tremendo em calafrio enquanto sai. Igual a diarreia. Disse que era uma criança babona e adorava escatologia. Nem escreve mais lindo do mundo mais, nem era mesmo o amor da minha vida. Eu sou uma criança babona cocô-xixi-meleca. Ela disse cocô-xixi-meleca. Acho que foi por isso que me deixei afetar. A diarreia alivia e o quarto, tão mais fácil escrever assim. Sentei comigo e lembrei do que li a pouco. A menina que escreve mais lindo desse mundo. E ela agora têm 1,68. É da minha altura praticamente. Os filhos serão vesgos. Os cachorros asmáticos. A casa toda , toda, toda. É assim que são realmente os pensamentos sobre o futuro, sobre querer um futuro e se apaixonar. A maga morreu em paris... Amélie Poulain era só uma personagem. Agora eu fico calado. De olho arregalado, tentando deitar de lado, os óculos atrapalham, o melhor seria tirá-los e ir dormir.

sábado, 9 de agosto de 2008

General Bruce

Escuta, moço, não sei onde moro. Meus pais chamam Carlos e Josefina e tenho irmãos que não olham para mim e não sei o caminho de casa. Se você quiser, eu fico com você, até eu lembrar meu endereço. Sei fritar ovo, fazer suco de morango com leite batido no liquidificador. Dobro roupa, passo, varro. Recorto imagem de jornal, tomo banho todo dia, ando na rua sem pisar nas rachaduras da calçada para não causar terremoto, falo com meu reflexo no espelho, pinço a sobrancelha.

Acordo cedo fim-de-semana e faço história na cabeça, deitada na cama. Me faço amiga do teto. Compro bala na rua e divido com as pessoas. Uso vestido florido mesmo que o dia estiver chuvoso.

Ai, xô ver que mais.

Escrevo carta pruns parentes em Juazeiro. Faço desenho, desenho árvore, flor, cavalo. Sou aquariana. Não sei direito o que isso quer dizer, mas a moça da loja de Umbanda me falou, e eu levo ela muito a sério. Sei dar ponto em rasgo, costuro botão. Eu posso costurar os botões da sua camisa, posso requentar o almoço quando for de noite e você estiver com fome. Trabalho quantas horas for preciso, pela paga que for. Trabalho por tédio, por amor, por sermão, qualquer moeda tá me servindo.

Dou cabo dos teus inimigos e te arranjo amigos. Te faço cafuné e arranjo vagabunda na rua para você. Mulher séria eu não posso garantir, porque eu também não sou milagreira. Arranjo mulher na Lapa, na Glória, ali perto do zoológico. Lá em São Cristóvão, não é longe, de metrô eu chego rapidinho.

O metrô é ali, é a algumas quadras de rua onde eu moro, a General Bruce.

Lembrei moço! General Bruce! Ali tem meu apartamento descascado, Carlos, Josefina e meus irmãos. Ah, fica pra próxima, então. Mas olha, eu tenho uma colega que nem do nome lembra. Biscoito fino, essa, sabe de tudo.